"Este blog é administrado por Simone Fernandes e não tem nenhum vínculo com fã-clubes do cantor. É somente uma forma de homenagear este grande artista, compartilhando suas histórias, respeitando seu legado, família, amigos e os milhares de fãs que existem no mundo todo."



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

17/11/2013

ELVIS E A BUSCA ESPIRITUAL - POR PRISCILLA PRESLEY - PARTE I

"Elvis Presley era um homem cheio de complexos e contradições. Passávamos uma noite discutindo sobre a vida espiritual e logo depois ele ia assistir a um filme de horror.
Certa noite, quando assistíamos ao conhecido clássico de horror 'Diabolique', Elvis inclinou-se para mim e perguntou se eu estava disposta a uma aventura espiritual.
      _ Claro.
Eu não tinha a menor ideia do que ele estava planejando, mas a aventura sempre me atraía.
      _ Vou levar você a um lugar que vai deixá-la apavorada... foi o que me aconteceu na primeira vez em que estive lá _ ele disse.
Depois que o filme terminou, ele tomou-me pela mão e fomos para a limusine. Elvis determinou ao motorista:
     _ Leve-nos ao necrotério de Memphis.
Não pude acreditar no que acabara de ouvir. Estava chocada.
    _ Como?
    _ Vamos ao necrotério. Tem uma pessoa lá que toma conta do lugar. Eu já estive lá uma vez. Foi excitante. Eu estava andando pelas salas, vendo os cadáveres, quando repentinamente esbarramos um no outro. E nós dois ficamos apavorados.
   _ Você está querendo dizer que vamos entrar?
   _ É proibido, mas posso dar um jeito de entrar.
   _ Está certo. Eu aceito.
A fama de Elvis era a chave-mestra. Era meio fantástico andar pelos corredores, entrar em cada sala. Era tudo silencioso, lúgubre, mal iluminado. Eu apertava a mão de Elvis.  No começo, não queria olhar, mas Elvis garantiu que os cadáveres estavam em paz e, depois da primeira olhada, eu iria me acostumar.


Vagarosamente vagueamos de uma sala para outra. Fiquei espantada ao descobrir como era fácil me habituar àquela visão insólita. Comecei a ver o lugar com serenidade, quase como se estivéssemos numa igreja.
Tudo estava muito bem até que olhei para uma mesa e avistei um bebê que devia ter dois ou três meses de idade. Ficamos olhando em silêncio, para aquele pequenino cadáver, até que murmurei:
   _ Poxa, Sattin, ele é tão frágil, tão inocente... O que terá acontecido? Não tem marcas, nada...

As lágrimas escorriam por meu rosto. Estava emocionada. Uma pausa e Elvis disse, suavemente:
   _ Não sei... Às vezes Deus opera de maneira muito estranha. Acho que o bebê estava destinado a ir ao seu encontro.
Seguramos a mãozinha do bebê e Elvis fez uma oração. Poucos minutos depois encontramos o cadáver de um mulher de meia-idade, que acabara de ser embalsamada. Desviei os olhos, virando o rosto.
  _ Isto é muito bom para você _ Murmurou Elvis. _ Precisa ver coisas assim de vez em quando. É a verdade nua e crua... a realidade. Quando se olha para um cadáver, compreende-se que tudo é passageiro e que pode acabar numa questão de minutos.
O lado espiritual e místico de Elvis era um aspecto dominante em sua personalidade. Como um garoto pequeno, criado em Tupelo, Mississippi, ele a família frequentavam a igreja regularmente, na Primeira Assembleia de Deus. Foi educado com a pregação infernal que incutia o temor de Deus e a música que levava aos Portões do Paraíso. Elvis, Vernon e Gladys faziam parte do coro e foi então que a música embalou pela primeira vez a sua alma. Posso afirmar que era capaz de efetuar a cura espiritual: um toque de suas mãos nas minhas têmporas, e a mais dolorosa dor de cabeça desaparecia.
Elvis sempre mantinha a Bíblia na mesinha-de-cabeceira e lia com frequencia. Agora, confrontando um desespero cada vez mais profundo, ele começou a ler outros livros espirituais, à procura de respostas e orientação. Leu as obras de Kahlil Gibran. Um livro em particular, 'O Profeta', muito o inspirava. Também leu 'Sidarta', de Herman Hesse, e 'A Vida Impessoal', de Joseph Benner. Tornou-se tão entusiasmado por esses livros que os dava de presente a amigos músicos, colegas de profissão e fãs. Apelavam para sua natureza religiosa e ele adorava reunir as pessoas 'no espírito da única força permanente _ Deus Todo-Poderoso'.

Quando Gladys , a mãe, ainda estava viva, Elvis contava com uma pessoa para lhe dar as respostas às suas interrogações; uma pessoa a quem respeitava e que constantemente o lembrava de seus valores e raízes. Era Gladys quem o mantinha consciente da diferença entre o certo e o errado, os males da tentação e o perigo da vida em ritmo alucinante.

   _ Mamãe, quero você e papai em Hollywood comigo _ dizia ele. _ Há muitos executivos por lá, tomando decisões. Pessoas com uma conversa suave que não posso entender.

Nos primeiros tempos, Vernon e Gladys acompanhavam Elvis na maioria das excursões pelo Sul e nas idas a Hollywood, quando ele fez seus primeiros filmes. Era o bom senso de Gladys que contrabalançava a insegurança de Elvis na juventude.
Mas desde a morte da mãe não houve mais limites para Elvis. Ela fora a força que o mantivera na linha. Agora ela não estava mais ali, Elvis vivia num conflito permanente entre sua ética pessoal e as tentações que o cercavam.
Em meados da década de 1970 Elvis estava sempre lendo a Bíblia em seu estúdio em Bel Air. Uma noite sentei ao seu lado, enquanto ele lia passagens com a maior veemência. Às nossa frente, havia várias de suas admiradoras, que usavam as blusas mais decotadas e as mais curtas mini-saias. Todas escutavam atentamente, discípulas extasiada na presença de seu guru. O sermão estendeu-se por horas, seguindo-se uma sessão de perguntas e respostas, durante a qual as garotas disputaram sua atenção.
Sentada aos pés de Elvis estava uma garota atraente e bem-dotada, com a blusa desabotoada até o umbigo. Inclinando-se sedutora, ela perguntou em voz insinuante:
   _ Elvis, acha que a mulher no poço era virgem?
Como eu estava ao seu lado, ele evitou se aproveitar do espetáculo que obviamente lhe era oferecido.
  _ É uma coisa sobre a qual terá que tirar as suas próprias conclusões, meu bem _ respondeu Elvis. _ Pessoalmente, acho que Jesus sentiu-se atraído por ela. Mas é apenas a minha opinião; não estou afirmando que seja um fato incontestável."

-- > PARTE 2


Fonte de pesquisa: Elvis and Me, por Priscilla Beaulieu Presley, New York, G.P Putnam's Sons, 1985.

    
Licença Creative Commons
Elvis Presley Rei do Rock de Simone Fernandes é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Brasil.
Baseado no trabalho em http://elvispresleyreidorock.blogspot.com/.

11 comentários:

  1. Que historia tan interesante Simone, cuantos detalles!
    Espero la próxima parte, felicitaciones por el material.
    Bello domingo, un fuerte abrazo!

    ResponderExcluir
  2. Olá Simone, estava lendo o artigo que você publicou hoje e desconhecia várias características do nosso
    Elvis. Eu sempre fui fã incondicional do Elvis em minha juventude. No meu quarto tinha poster do Elvis,
    cada disco dele que saia eu ia logo comprar e lia muito sobre ele. Hoje bem mais velha não possuo mais
    poster deste gênio no meu quarto mas ele tem seu lugar especial no meu coração. Parabéns a você por ter montado um blog onde encontramos praticamente tudo sobre o Elvis. Muito show querida amiga,
    beijos no seu coração,

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigada Beki!
      Fico muito feliz que goste do blog e também por saber que és fã de Elvis. Como você já percebeu, eu o amo.
      Obrigada mais uma vez pela sua visita e comentário. Volte sempre!!
      Beijão :)

      Excluir
  3. Olá Simone! É muito bom encontrar um blog sobre o Elvis que tenta esclarecer/compreender a pessoa incrível que ele foi para as novas gerações. Eu digo isso por que eu me tornei fã dele muito recentemente e fico feliz em dizer isso. Entre as várias características da personalidade de Elvis, eu acho que uma das mais interessantes era a busca dele em compreender as diversas religiões e a espiritualidade. Particularmente, eu acho que deveria ser interessante discutir religião com ele. Eu gostaria de trocar umas idéias sobre esse assunto com ele. Seria legal haha. Até o presente o momento eu não li a respeito sobre o Elvis acreditar em vida após a morte. Você saberia me dizer algo sobre a posição dele a respeito disso? Parabéns pelo blog e por manter a lembrança dele viva. Acredito que blogs como este são também responsáveis por preservar o legado dele através dos anos e assim conquistar mais e mais fãs. Uma coisa que não foi preciso muito tempo para notar: Uma vez que o Elvis entra em nossas vidas, ele nunca mais sai. Abraços e até a próxima visita.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Gláucia!
      Muito bom receber sua visita. Eu também tenho essa curiosidade de saber se Elvis acreditava em vidas passadas, reencarnação etc... Eu ainda não li nada sobre isso. Mas eu acredito que sim. Já que ele tinha tantas dúvidas sobre o por quê de sua fama, de ser especial e tão amado... ele pesquisava muito sobre a espiritualidade. Acho que ele acreditava sim, talvez até com algumas dúvidas.

      Obrigada pela sua visita e fico feliz que tenha gostado do blog.
      Volte sempre que quiser.

      Um beijão :)

      Excluir
  4. Uma parte dessa história está no livro Elvis Presley Por Ele Mesmo. Elvis era bem assim mesmo. Num belo dia ele levantava e dizia: Hoje vamos fazer uma coisa diferente, pega a limousine e vai pro necrotério, rs. Ou pega um jatinho e vai comer hamburguer em outra cidade. Imagino o quanto essa experiência deva ter sido pra Priscilla. Mas acima de tudo, Elvis em todo momento passava segurança. Legal ainda mais de saber que ele, nosso ídolo não era um cara limitado. Penso: ele se envolveu e se deu bem, na música, cinema, todo programa de TV que ele apareceu foi sucesso absoluto, o lado espiritual, karatê, baseball, tiro ao alvo... sim, ele foi um cara completo.
    Beijo
    Baratta

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Verdade Baratta. Elvis era completo!
      Obrigada pela sua visita.
      Beijos :)

      Excluir
  5. Na minha modesta opinião, acredito que se a mãe de Elvis tivesse vivido por mais alguns anos, talvez ele não teria morrido tão cedo.Adorei todo o conteúdo e lógico que quero continuar a leitura. Tudo sobre Elvis me interessa muito.Obrigada.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá Caroline, muito obrigada pela sua visita e comentário! Fico muito feliz que tenha gostado do blog, volte sempre quiser.
      Também concordo contigo. E acho que se Gladys estivesse viva muitas coisas na vida de Elvis teriam tido outros rumos e ele viveria mais com certeza.

      Um beijo grande :)

      Excluir
    2. Concordo com você Caroline, quando fala sobre a mãe de Elvis. Era a sensatez e o equilibrio que faltou em sua vida.

      Excluir

Obrigada pela visita e comentário!

*Simone Fernandes*