"Elvis nunca foi um homem de moderação. Quer fosse motocicletas, carros, cavalos, parques de diversões, estudos espirituais, rinques de patinação, sexo ou até mesmo comer o mesmo jantar ou almoço, dia após dia, se ele gostava, entregava-se de corpo e alma.
Certa vez dei-lhe de presente um autorama, com carrinhos de controle remoto. Poucas semanas depois ele acrescentara uma sala inteira à casa, com uma enorme pista profissional. Lá ficava noite após noite, só voltando muito tarde para seu quarto, até que acabou cansado e o anexo foi convertido numa sala de troféus, ocupada por seus discos de ouro e outros prêmios.
À medida que a fascinação de Elvis pelos fenômenos esotéricos e metafísicos aumentou, Larry levou-o ao Centro de Auto-realização, em Mount Washington, onde ele conheceu Daya Mata, a orientadora. Daya Mata era uma velha senhora atraente, com uma semelhança extraordinária com Gladys Presley. Elvis ficou fascinado por sua serenidade e presença espiritual. Ela simbolizava tudo o que ele procurava.
Elvis fez várias viagens a Mount Washington, no alto das colinas de Hollywood, para sessões com Daya Mata, na esperança de alcançar as técnicas de 'Kriya-Yoga, que é a forma mais elevada de meditação na auto-realização. Sentia-se especialmente atraído por Paramahansa Yogananda, o falecido fundador do ashram e autor do livro 'A Autobiografia de um Yogui'.
Elvis leu que Yogananda alcançara um estado de consciência tão elevado que seu espírito podia controlar o corpo, mesmo depois da morte. O corpo de Yogananda ficara num caixão aberto no Cemitério Forest Lawn por mais de vinte dias sem apresentar qualquer sinal de decomposição. Era esse tipo de estado superior de consciência que Elvis esperava atingir.
Ele estava ansioso por participar do filme 'Harum Scarum', considerando-o realmente interessante. Elvis identificava seu papel com o de Rodolfo Valentino em 'The Sheik'. Achava que tinha finalmente um papel que podia explorar. Estava convencido de que tinha uma semelhança física com Valentino, especialmente de perfil.
Durante os preparativos para a produção do filme, ele chegou um dia em casa escurecido pela maquiagem, vestindo uma calça branca de harém, um turbante branco na cabeça. Estava excepcionalmente bonito, muito mais do que Valentino, em minha opinião. Inclinando a cabeça, com um olhar penetrante, as narinas dilatadas, ele perguntou enfaticamente:
_ Não é impressionante como me pareço com ele? Qual é a sua reação? Responda! Responda!
Ele me pegou em seus braços, ao melhor estilo de Rodolfo Valentino, inclinou-se, como no cartaz do filme e me beijou.
Era patético. Noite após noite ele manteve a maquilagem e o turbante, durante o jantar e até a hora de dormir.
Embora estivesse muito animado com o filme quando começaram as filmagens, no entanto, seu ânimo foi declinando a cada dia que passava. O enredo de 'Harum Scarum' era muito fraco, seu personagem não passava de um tolo, as canções que apresentava eram desastrosas. O filme tornou-se mais um desapontamento... e dos mais embaraçosos.
Ainda empenhado no filme, mas humilhado por sua mediocridade, Elvis procurava uma válvula de escape em incursões de motocicleta - onze Triumphs e uma Harley, as Triumphs para os assistentes e a Harley para o chefe. Vestidos de couro da cabeça aos pés e nos sentindo como um bando de arruaceiros dos Hell's Angels, partíamos em disparada a qualquer hora da madrugada. Era outra maneira de Elvis buscar a si mesmo.
No ano de 1966 a longa busca de Elvis pelas respostas para o mistério de vida envolveu a todos nós em estranhos jogos, que ele adorava criar.
Ele ia para o quintal dos fundos da casa em Bel Air e ficava olhando 'os planetas se deslocarem pelo céu', por longos períodos, na escuridão da madrugada. Elvis estava convencido - e quase nos convenceu também - de que havia ondas de energia tão poderosas que faziam as estrelas deslizarem pelo universo. Durante horas todos contemplávamos, maravilhados, interrogando um ao outro sobre o que víamos, com medo de formular a única indagação apropriada: 'Será possível?'
A imaginação de Elvis atingiu o auge quando estávamos todos no jardim, olhando para o Bel Air Country Club, cujo gramado estava sendo regado por um sistema de aspersão automático.
_ Estão vendo? _ perguntou Elvis, olhando atentamente para o gramado.
_ Vendo o quê? _ indaguei, sem perceber coisa alguma.
_ Os anjos.
_ Anjos?
Olhei para o gramado. Queria muito acreditar em Elvis, assim como os outros. E todos concordamos que nós também estávamos vendo os anjos.
Como num transe, Elvis continuou a olhar para a água por mais alguns minutos. Depois, começou a se adiantar, murmurando:
_ Tenho que ir. Vocês devem ficar aqui. Eles estão querendo me dizer alguma coisa.
Ele encaminhou-se para o campo de golfe, no encalço de sua visão. Sonny seguiu-o, a fim de garantir sua segurança, enquanto os demais continuaram onde estavam, perplexos.
Em outras ocasiões Elvis nos fazia olhar por horas a fio para um teto branco, tentando divisar os rostos que ele dizia que estava fazendo aparecer ali.
Muito depois da morte de Elvis, alguns de nós conversamos sobre aqueles tempos, aventando a possibilidade de que aquilo tudo poderia ser um colapso nervoso ou puro escapismo, e depois descartávamos essas ideias. Era mais provável que fosse apenas um 'jogo' que ele inventara por tédio e depressão, no momento mais baixo de sua carreira.
Elvis tomava pílulas para dormir, a fim de escapar do seu consciente. E, enquanto aguardava o efeito do remédio, criava as suas 'imagens' - seus exercícios místicos.
Mas talvez ele buscasse a si mesmo, sua autoafirmação espiritual."
Fonte de pesquisa: Elvis and Me, por Priscilla Beaulieu Presley, New York, G.P Putnam's Sons, 1985.
Ps: 'Não acho que era um jogo de Elvis e muito menos escapismo da realidade. Acho que Elvis realmente via e sentia essas coisas. Minha opinião'
Elvis Presley Rei do Rock de Simone Fernandes é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Brasil.
Baseado no trabalho em http://elvispresleyreidorock.blogspot.com/.
É complicado ler umas paradas dessa sobre Elvis né Simone? O modo como Priscilla fala sobre o episódio do "Harum Scarum", sobre ser patético, sobre o "momento mais baixo de sua carreira" sobre as pílulas... as palavras (jogo e escapismo) me diz agora: Pra quê tudo isso? Elvis era um ser humano e como todo ser humano tinha seus altos e baixos, a gente sabe. Mas pra quê trazer certas coisas a conhecimento?
ResponderExcluirBeijão do Baratta
Pois é Baratta. Eu pensei muito antes de publicar isso. Mas quis mostrar como certas pessoas que conviveram com Elvis, não o compreenderam e até mesmo a 'mulher' que se diz ser a mais amada por ele. Isso realmente é algo triste de postar. Mas os fãs tens que conhecer o dois lados, né. No mundo de Elvis não existia só músicas e filmes. Também existiam as pessoas falsas, oportunistas e traiçoeiras que conviviam com ele e que Elvis de certa forma, confiou e se entregou.
ExcluirEu não sou fã de Priscilla, respeito o lado dela, sua opinião... Mas discordo de tudo que ele diz sobre Elvis.
Ele era uma pessoa especial, com dons especiais... hoje até acredito que muitos entenderiam. Mas nos anos 60? Era muito difícil mesmo. Ainda mais sendo Elvis quem ele era e com esse tipo de pessoas ao redor dele.
Pronto falei!
Obrigada pela visita amigo.
Abraços :)
Muito obrigada Simone Presley Brasil pela informação, Quanto a Priscilla, eu concordo plenamente consigo, ela foi infiel ao Rei e depois que ele partiu, ela diz o que muito bem entende, para ficar bem na fotografia, mas só acredita quem quer, afinal o Elvis não está cá para se defender infelizmente..
ExcluirObrigada Magrod pela visita e comentário!
ExcluirUm beijo grande :)
Concordo com você. Não gosto da Priscila, acho-a falsa e aproveitadora.
ExcluirObrigada Ivone!
ExcluirUm beijo grande :)
¨Que nunca falte
ResponderExcluirun sueño por el que el luchar,
un proyecto por realizar,
algo que aprender,
un lugar a dónde ir
y alguien a quien querer…
FELIZ 2014!!!!!
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Muchisimas gracias Cris.
ExcluirUna feliz navidad para tí toda y tu familia. Un año nuevo lleno de realizaciones.
Un beso :)
En estos días tan especiales,
quiero pedir felicidad para todos
no importa la distancia que nos separa,
pues lo importante es desearte que pases una
¡Feliz Navidad y un positivo y prospero Año Nuevo!
Pasa un hermoso domingo con el espíritu en Belén
y que el niño te colme de Bendiciones y Salud!
Que la paz y el amor reine en tu hogar
y el de toda tu familia y amigos esta Navidad,
con mis mejores deseos te envío
un cálido y afectivo abrazo.
Atte.
María Del Carmen
Adorei...maravilhoso !!!!
ResponderExcluirObrigada Beth. Volte sempre!
ExcluirBeijão :)
Concordo com Priscila quando ela fala sobre isso ser um "escapismo".Talvez Elvis realmente visse essas coisas, no entanto, não acredito serem elas reais.Acho que ser "o rei" era um fardo muito pesado.
ResponderExcluirEssa é a MINHA opinião.Ele era humano também, tinha seu "lado negro", e gostei de conhece-lo.
Muito bom o post e o blog.Bjos
Muito obrigada Joey Ramone por sua visita e comentário. Fico muito feliz que tenha gostado.
ResponderExcluirUm abraço e volte sempre :)